O tempo e a cidade
Há uma grande contradição onde você passa seu tempo, meu breve leitor. O ideal em nossas vidas seria termos mais tempo livre em lugares onde existissem mais opções de lazer e de cultura. Mas parece que não é bem assim. As variáveis tempo livre e coisas para fazer são inversamente proporcionais.
Tome meu exemplo. São Paulo, pode-se dizer, é uma cidade que não dorme, ou que dorme muito pouco. Restaurantes, bares, mostras de cinema, teatro, essas são algumas das variadas opções de atividades que temos acesso. Mas quando consigo passar minha semana de trabalho por lá, perco tempo no trânsito, em bancos, me locomovendo, em reuniões. O que sobra para saborear estes deleites metropolitanos é escasso, e o cansaço me faz abrir mão dessas oportunidades.
Se ainda persistes na leitura, veja minha situação atual, numa pacata cidade interiorana, onde tenho a felicidade de sair cedo de meu posto de trabalho e chegar ao hotel antes das 18h00. Mesmo que vá dormir cedo, tenho pelo menos cinco horas de tempo para atividades diversas! Mas onde estão elas, neste, perdoam-me o sacrilégio, "fim-de-mundo" (ou apenas seu começo)?
Vivo neste dilema. Uma semana de quebra de rotina em uma cidade destas, é até confortável, pois me dá tempo de me organizar, dar minhas corridas, descansar, e até voltar a escrever neste blog. Mas, a partir da segunda semana, o tédio começa a aumentar. O que dirá então de um projeto sem data para acabar?